
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
terça-feira, 21 de outubro de 2008
Tia Mariazinha
A tia Mariazinha brincava de boneca com a gente. Entrava em nosso mundo de criança e se encantava com as peças de teatro junto com a gente. Incentivava a brincadeira e a alegria. Enchia a geladeira de ameixas, maçãzinhas, danoninhos. Abastecia a casa de coisas das quais gostávamos. Ensinava a fazer bala delícia e a ir a pé para o Largo do Machado. Ensinava a pegar ônibus e a nunca esquecer de levar a sombrinha e os lanches. Ela apoiava todas as nossas escolhas. Estava presente nas comemorações de todas as conquistas. Na primeira comunhão, lá estava ela. Viajava com o fusquinha do Rio até Minas. Uma vez, dirigiu até lá só para levar o filhote de cocker que havíamos ganhado da Mariana. Ela decorou nossas noites de Natal com sua roupa de Papai Noel e, dentro do saco de presentes, todos os nossos sonhos escritos em cartinhas eram concretizados. Há oito anos, eu não tenho mais a tia Mariazinha. Hoje, ela ficou em paz e liberdade, junto a Deus. Mas sempre, para a eternidade, serei uma pessoa premiada de uma forma muito especial, porque tive a minha tia Mariazinha.
Postado por Juliana.
terça-feira, 7 de outubro de 2008
A linguagem Braille
Como afirma a professora Márcia Helena Pallota, os recursos são importantes para garantir a igualdade entre alunos deficientes visuais e alunos videntes. “Não é porque ele é cego ou tem baixa visão que ele terá mais dificuldades. Se o aluno tiver o material adaptado ao que ele necessita, a dificuldade que ele tem, seria a mesma se ele fosse uma criança vidente”.
Postado por Juliana.
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
Pessoa
Todas as Cartas de Amor são Ridículas (Álvaro de Campos)
Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)
Fonte: http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM838836-7823-FERNANDO+PESSOA+E+SUA+VIDA+COTIDIANA,00.html
http://www.pensador.info/autor/alvaro_de_Campos/
Postado por Patrícia
sábado, 13 de setembro de 2008
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa foi firmado em 1990, pelos países de língua portuguesa e ratificado em 1995, no Brasil. Passará a vigorar em janeiro do ano que vem e as publicações (livros didáticos, literários, etc.) já começam a ser adaptadas às modificações estabelecidas.
Em razão das diferenças entre as grafias desses países, é grande a dificuldade na difusão da língua. Dessa forma, a intenção do acordo é facilitar o processo de intercâmbio cultural e científico entre as nações e ampliar a divulgação do idioma e da literatura em língua portuguesa Fonte:cultura.gov.br
Alfabeto: o alfabeto, que atualmente possui 23 letras, será acrescido de mais três: k, y e w.
Hífen: a regra para uso de hífen será simplificada.
Acentuação gráfica: não serão assinalados com acento gráfico os ditongos ei e oi de palavras paroxítonas, como assembléia, idéia e jibóia.
Fonte: ufop.br
MINUTA DE DECRETO
art. 84, incisos II, VII e VIII, da Constituição, e em observância ao Decreto Legislativo nº 54,de 18 de abril de 1995 e ao Decreto de Promulgação nº....,
DECRETA:
Art. 1º O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em Lisboa, em 16 de dezembro de 1990, ratificado pelo Decreto Legislativo nº 54, de 18 de abril de 1995, e promulgado pelo Decreto nº........ , entrará em vigor no Brasil a partir de 1º de janeiro de 2009.
Parágrafo único. No período de transição entre 1º de janeiro de 2009 e 31 de dezembro de 2012 haverá a convivência da norma ortográfica atualmente em vigor com a nova norma estabelecida pelo Acordo, e ambas serão aceitas como corretas nos exames escolares, provas de vestibulares e concursos públicos, bem como nos meios escritos em geral.
Art. 2º. O Ministério da Educação, o Ministério da Cultura e o Ministério das Relações Exteriores, em atendimento ao artigo 2º do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, com a colaboração da Academia Brasileira de Letras e entidades afins dos países signatários do Acordo, tomarão as providências necessárias com vistas à elaboração de um vocabulário ortográfico comum da língua portuguesa.
Art. 3º Os livros escolares distribuídos pelo Ministério da Educação à rede
pública de ensino de todo o país serão autorizados a circular, em 2009, tanto na atual quanto na nova ortografia, e deverão ser editados, a partir de 2010, somente na nova ortografia, excetuadas as reposições e complementações de programas em curso, conforme especificação definida e regulamentada pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE.
Art. 4º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, ... de ... de 2008; 187º da Independência e 120º da República.
(disponível neste link)
domingo, 24 de agosto de 2008
Federal de Pernambuco (Recife), que venceu um concurso interno
promovido pelo professor titular da cadeira de Gramática Portuguesa.
"Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se
encontravam no elevador. Um substantivo masculino, com um aspecto
plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. E o
artigo era bem definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas
com um maravilhoso predicado nominal.
Era ingênua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um
sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanáticos por
leituras e filmes ortográficos. O substantivo gostou dessa situação:
os dois sozinhos, num lugar sem ninguém ver e ouvir. E sem perder essa
oportunidade, começou a se insinuar, a perguntar, a conversar.
O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse
pequeno índice. De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro:
ótimo, pensou o substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns
sinônimos. Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando
o elevador recomeça a se movimentar: só que em vez de descer, sobe e
pára justamente no andar do substantivo. Ele usou de toda a sua flexão
verbal, e entrou com ela em seu aposto.
Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma
fonética clássica, bem suave e gostosa. Prepararam uma sintaxe dupla
para ele e um hiato com gelo para ela. Ficaram conversando, sentados
num vocativo, quando ele começou outra vez a se insinuar.
Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e
rapidamente chegaram a um imperativo, todos os vocábulos diziam que
iriam terminar num transitivo direto.
Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo
seu ditongo crescente: se abraçaram, numa pontuação tão minúscula, que
nem um período simples passaria entre os dois. Estavam nessa ênclise
quando ela confessou que ainda era vírgula; ele não perdeu o ritmo e
sugeriu uma ou outra soletrada em seu apóstrofo. É claro que ela se
deixou levar por essas palavras, estava totalmente oxítona às vontades
dele, e foram para o comum de dois gêneros.
Ela totalmente voz passiva, ele voz ativa. Entre beijos, carícias,
parônimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais: ficaram uns
minutos nessa próclise, e ele, com todo o seu predicativo do objeto,
ia tomando conta.
Estavam na posição de primeira e segunda pessoa do singular, ela era
um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome
do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular. Nisso a
porta abriu repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele
tinha percebido tudo, e entrou dando conjunções e adjetivos nos dois,
que se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e
exclamativas. Mas ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tônica,
ou melhor, subtônica, o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e
declarou o seu particípio na história.
Os dois se olharam, e viram que isso era melhor do que uma metáfora
por todo o edifício. O verbo auxiliar se entusiasmou e mostrou o seu
adjunto adnominal. Que loucura, minha gente. Aquilo não era nem
comparativo: era um superlativo absoluto. Foi se aproximando dos dois,
com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado
para seus objetos. Foi chegando cada vez mais perto, comparando o
ditongo do substantivo ao seu tritongo, propondo claramente uma
mesóclise-a-trois. Só que as condições eram estas: enquanto abusava de
um ditongo nasal, penetraria ao gerúndio do substantivo, e culminaria
com um complemento verbal no artigo feminino.
O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido
depois dessa, pensando em seu infinitivo, resolveu colocar um ponto
final na história: agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo,
jogou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua
portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa
conclusiva".
Postado por Patricia
quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Foto: Flickr
O aprendizado é uma situação de comunicação. Os ambientes de aprendizado são complexos. Há diversas formas, condições e ambientes de aprendizagem. O ambiente do site caracteriza-se por um design que pergunta: qual é o seu interesse? O usuário escolhe onde clicar e entrar. E o estilo é a política da escolha, assim como a estética é a política do estilo, isto é, nós escolhemos aquilo que apela ao nosso gosto, à nossa imaginação. A política de avaliação é a ética. Diante disso, cores, layout e imagens são importantes na criação de um ambiente de aprendizagem atrativo e com boas chances de obter êxito em seu propósito de educar. Com a mudança social e semiótica, a imagem, antes – século XX – meramente ilustrativa, desempenha funções diferentes da escrita e ambos, escrita e imagem, possuem significados diferentes. O que é melhor comunicado com palavras e o que é melhor comunicado com imagens são distinguidos na elaboração de uma página da web.
O ambiente de aprendizado é o espaço em que a subjetividade está presente. Cada um constrói seus próprios significados e há emoção e afetividade na interação comunicativa. Portanto, sugere-se que a escola abra a visão limitada ao intelecto e a aspectos cognitivos.
Letramento digital
O homem inventou a tecnologia digital. Ela aparece em um mundo caracterizado por desigualdades econômicas e sociais, em que nem todos possuem um computador em casa. Além disso, nem todas as escolas oferecem as ferramentas necessárias para que as crianças e jovens aprendam a operar os programas existentes.
Alfabetizar e ensinar no século XXI são atividades que precisam receber novo tratamento, para atender ao modo de escrever que as novas tecnologias trazem. Hoje, alfabetizar apenas por meio do lápis e do papel é algo que pode levar a um atraso das gerações de camadas populares em relação às de classe média.
A alfabetização precisa considerar que existe, além do grafite, o mouse, o pincel mágico e o teclado. A caligrafia, agora, envolve fontes, animação e cores. O número de gêneros textuais aumentou, com o surgimento de novos gêneros; cada um, requerendo uma maneira diferente de ser escrito: e-mail, torpedo, chat, MSN. Também os suportes se modificaram e apareceram novas interfaces, como a tela do celular.
A pesquisadora fez um estudo sobre os livros didáticos (LDs), com relação ao que tinham a contribuir para o letramento digital do aluno e do professor. A conclusão foi de que os LDs têm muito pouco a contribuir para esse aspecto.
Diante disso, várias questões foram postas: o que muda nos textos, na produção, na recepção? O ensino deve ser realizado de forma prescritiva ou levando-se em consideração a capacidade de escolha dos alunos? A internet na escola deve negar o acesso a determinados sites ou disponibilizar um acesso livre e irrestrito, como o que os alunos de classe média possuem em casa?
Assim, é importante, nesse momento, uma formação moderna e inclusiva do professor.
Postado por Juliana.
terça-feira, 12 de agosto de 2008
Letramento e Cultura escrita
Acontece, até amanhã, na Faculdade de Educação - FaE/UFMG -, o Segundo Colóquio Internacional sobre Letramento e Cultura escrita.
As conferências estão sendo gravadas e estarão disponíveis, em breve, no site do Ceale - Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita.
Postado por Juliana.
sábado, 9 de agosto de 2008
Sherazade

Sherazade, para escapar da morte, que vinha pela manhã, após cada noite de prazer que o rei desfrutava com as mulheres do reino, contou histórias a ele. Os contos eram envolventes e criativos, o que aguçava a curiosidade do ouvinte. Sherazade deixava o final de seus contos sempre em suspense. Assim, conseguiu evitar que o rei a sacrificasse, uma vez que ele esperava ansioso pela continuação da narrativa e pela próxima história.
Os contos do livro As mil e uma noites são estruturados como histórias em cadeia, em que cada conto termina com uma deixa que o liga ao seguinte (Wikipedia, 2008).
Assim é a obra Sherazade (2007), do artista Hilal Sami Hilal, nascido em Vitória, cidade onde seus trabalhos foram expostos, no Museu da Vale. Agora, Sherazade está na Galeria Arlinda Corrêa Lima, no Palácio das Artes, como parte da exposição Biblioteca.
Livros cujas páginas desembocam em outro livro, cujas páginas desembocam em outro livro, cujas páginas desembocam em outro... formam uma rede de interligações entre textos, entre informações. A obra lembra intertextualidade. A relação entre o que já foi registrado e o que ainda vai ser escrito.
Toda a cultura, incluindo a produção literária, dialoga com outro texto, relativizando a questão da autoria (Paulino, G.; Walty, I.; Cury, M. Z., 2005). Em Sherazade, a impressão é de que, o que uma pessoa leu, apareceu em outro livro e assim por diante. E a leitura, como a escrita, revelam-se atos coletivos, realizados por meio do repertório individual, formado por memórias, bagagem e trocas.
Referências:
PAULINO, Graça; WALTY, Ivete; CURY, Maria Zilda. Intertextualidades. São Paulo: Formato, 2005.
________. As Mil e uma Noites. Disponível em:
< http://pt.wikipedia.org/wiki/As_Mil_e_uma_Noites#Refer.C3.AAncias>. Acesso em: 09 de agosto de 2008.
Postado por Juliana.
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
Mural
Análise completa (com exercícios de múltipla escolha, discursivos e gabarito) das obras indicadas. Arquivo digital, em formato PDF, totalizando mais de 200 páginas.
domingo, 3 de agosto de 2008
Palavras "démodée"
No dia em que meu avô me perguntou se eu iria para Belo Horizonte de garupa, achei engraçada essa expressão. Demorei alguns segundos para compreender o significado, mas logo “caiu a ficha”, certamente ele estranharia esse meu termo. É interessante notar a transformação do vocabulário de uma língua. Algumas palavras são usadas em determinadas épocas, já outras existem por um longo tempo.
A palavra casquete, originária do francês, parece ter sido empregada na nossa língua, um tempo atrás, para designar boné. Entretanto, se utilizarmos essa palavra numa conversa entre jovens, certamente alguns irão estranhá-la. Da mesma maneira, é engraçado ouvir se vamos encontrar nossos brotos, ou se vamos paquerar. Para quem nasceu na geração do “ficar”, essas antigas expressões nos dão uma idéia de pureza que destoam do vocabulário de nossos dias. Outra palavra que não é tão usual para a geração jovem é o termo “colosso”, que significa algo muito bom, espetacular.
É estranho pensar que daqui a alguns anos, expressões com que estamos habituados serão esquisitas para a futura geração. Frases como “Ele tem a manha” e termos como “falou” (no fim das conversas com o significado de “tchau”), assim como “véio”, usada nas conversas entre adolescentes com o significado de amigo, parece que não terão um tempo de uso muito longo.
Porém, pode ser que minha intuição esteja errada e uma criança chegue perto de mim e fale: Falou vovó! Nesse momento, espero que eu me lembre desse pequeno artigo.
Postado por Patrícia
quarta-feira, 30 de julho de 2008
Letramento
Leia a seguir e saiba um pouco mais a respeito.
A Professora Zélia, como é mais conhecida na Universidade, coordena o Grupo de Pesquisas do Letramento Literário (GPELL), do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (CEALE), da FaE/UFMG.
Juliana- Qual a diferença entre Alfabetização e Letramento?
Prof. Zélia- A diferença entre alfabetização e letramento tem sido discutida no Brasil a partir do trabalho de Magda Soares, que sistematizou essa discussão no livro Letramento: um tema em três gêneros. Mas temos também valiosas contribuições de outros pesquisadores como Luiz Antônio Marcuschi, que, nesse contexto, tem focalizado sobretudo a oralidade e os gêneros textuais; Ângela Kleiman, que foi quem inaugurou aqui a discussão sobre a pesquisa em letramentos, entre outros autores. Em linhas gerais, podemos resumir essa diferença como uma necessidade. Distinguir alfabetização e letramento é necessário para que, por um lado, não se percam especificidades ligadas à apropriação da tecnologia da escrita – entendida como alfabetização –, e, por outro, a continuidade e manutenção de usos sociais da escrita e da leitura – o letramento. Segundo Magda Soares, processo iniciado antes mesmo do processo escolar de alfabetização, nas culturas letradas. É bom ressalvar que “cultura letrada” tem um sentido amplo que vai muito além da cultura que está nos livros. Ela quer dizer, de modo mais abrangente, “cultura da escrita”, que engloba todos os modos de interagir em sociedade por meio de textos escritos. Na nossa sociedade, o nascimento de um indivíduo deve ser comprovado por um registro escrito. Esse pequeno exemplo já é significativo do que estamos compreendendo como cultura escrita. Outro aspecto que não se deve perder de vista é que oralidade e escrita mantêm-se num contínuo e não separadas. Os gêneros orais e escritos que usamos integram-se numa rede de correspondências e trocas de acordo com as situações em que usamos a linguagem.
Juliana- O que é Letramento Literário? Qual a importância da existência de um grupo de pesquisa, dentro da academia, sobre o Letramento Literário?
Prof. Zélia- O letramento literário – estado ou condição de quem faz usos da literatura – supõe um processo que pode se iniciar antes de se saber ler e escrever. Nas histórias, nos provérbios, nos ditos populares, nas adivinhas, nas parlendas, entre outros textos ficcionais e poéticos da oralidade, por meio de muitas vozes que não se restringem àquelas do universo familiar mais próximo. Na escola, com o aprendizado da leitura e da escrita, os impressos – livros, jornais, revistas e as telas como portadores de textos literários passam a fazer parte desse processo de letramento, dando mais autonomia ao leitor. A partir da alfabetização ele poderá interagir mais com a cultura escrita literária que o envolve. Ele passa a escolher o que quer ler, a indicar livros de que gostou. O trabalho dos professores, depois disso, continua a ser imprescindível no sentido de ampliar, a cada etapa da escolaridade, as experiências literárias de seus alunos.
O termo ‘letramento literário’ foi usado pela primeira vez no Brasil por Graça Paulino, num trabalho encomendado para a ANPEd, na seqüência do trabalho de Magda Soares. Na época, o nosso grupo de pesquisa tinha o nome Grupo de Pesquisas de Literatura Infantil e Juvenil. Em seguida passamos a adotar o nome Grupo de Pesquisas do Letramento Literário – GPELL – pelo fato de, assim, integrarmos mais a literatura no contexto da cultura escrita às nossas discussões. Desta forma, a mudança de nome buscou destacar a importância da leitura literária, do leitor, da formação de leitores – professores e alunos –, da leitura literária na escola e em bibliotecas, etc. Como grupo de pesquisa do Ceale – Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita, da Faculdade de Educação (UFMG) – a opção pelo letramento literário afinava-se às ações do Centro, entre as quais aquela voltada para a formação de professores. A oportunidade de diálogo com professores da educação básica tem nos mostrado caminhos para levar a literatura para dentro da sala de aula. Sem esse contraponto, esse diálogo com o leitor-professor ou aluno, não estaríamos fazendo jus à designação letramento literário. A outra ponta – para quem e para onde vão os livros – nos interessa tanto quanto os “bons” livros da literatura. E sabemos que uma exigência para que ele chegue ao leitor é a de cumplicidade, uma cumplicidade que se alcança quando o professor é autor e ator do processo, quando partilha as suas leituras com seus alunos, com outros professores, com pesquisadores. Acreditamos que essa condição de autoria e de ser ator de suas ações mediadoras na sala de aula pode ser conquistada pelos professores em cursos de formação. Outra ênfase do Grupo, a da pesquisa, não tem perdido de vista essa perspectiva da formação de leitores. Acabei indo além do conceito. Inevitavelmente.
Postado por Juliana.
domingo, 27 de julho de 2008
sábado, 12 de julho de 2008
Chico
Está na hora de ir embora
Realizou muitas tarefas
Às 06:00, tirou o leite das vacas
Levou-as para o pasto
Conferiu as que tinham parido
No cavalo, trouxe o bezerro nos braços
Retornou o gado ao curral
Tomou café e comeu bolo de fubá
Todo dia o mesmo serviço
Um contato intenso com a natureza e com os animais
Parece se comunicar melhor com estes do que com os homens
Amanhã, ele estará de volta
Cedinho, ele chega na sua moto
E faz o serviço serenamente
No ritmo das horas na fazenda
Aqui, as horas não seguem o passo frenético das cidades
O tempo vira aliado dos que sempre correm
E traz uma sensação boa
Parecida com a que Chico transmite
Postado por Patrícia
quarta-feira, 9 de julho de 2008
Camaleão
Postado por Patrícia
quinta-feira, 3 de julho de 2008
Literatura infantil
O contato com a linguagem literária é um momento importante nessa fase da formação do ser humano. O indivíduo alfabetizado tem interesse em dar passos à frente da escola, saber ler palavras que não surgiram em sala de aula. A criança, então, tenta ler o que vê em letreiros de lojas, em outdoors, em revistas, em placas de sinalização, enfim, onde quer que perceba informação escrita. Quando o vocabulário lhe é estranho, aparecem as interrogações, afinal, ela deseja, também, traduzir o significado daquele som que as letras produziram. Assim, seu repertório se enriquece mais e mais.
A produção brasileira de livros infantis é muito interessante. Editoras como a Girafinha, CosacNaify, entre tantas outras, lançam, todo ano, obras de qualidade, em várias categorias - como livros de imagem, poesia para criança e tradução infantil - cujos autores e ilustradores são artistas apaixonados pelo trabalho de escrever e ilustrar para esse público.
Veja esta revista de poesia, editada por Sérgio Caparelli, Maria da Glória Bordini e Regina Zilberman.
Postado por Juliana.
sexta-feira, 20 de junho de 2008
Questões de Gênero
A postagem da Ju me lembrou as dificuldades no aprendizado do feminino ou masculino em uma língua estrangeira. Não existem muitos problemas no inglês, pois o artigo definido “the” indica tanto o masculino quanto o feminino. Mas no francês, que sufoco! Há uma dica que os professores recomendam e que pode servir para os estudantes dessa língua. É a seguinte:
Todas as palavras terminadas em “age” são masculinas, como voyage (viagem), visage (rosto), etc.
Entretanto, como toda regra, há exceções. Basta decorarmos quais as palavras terminadas em “age”que são femininas. Aí são elas:
l’image (imagem), la cage ( prisão), la plage (praia), la page (página), la rage (raiva) e la nage (nado, ato de nadar).
Como é estranho pensarmos “le voyage” ao invés de la voyage (errado)...Acho que vou cometer esses errinhos por um bom tempo!
Postado por Patrícia.
quarta-feira, 18 de junho de 2008
Espaço apertado
Este mês, a colunista Nina Horta, da seção Comida, da Folha de S. Paulo, desabafava sobre o encolhimento do espaço de sua coluna no jornal. Ela dizia que escrevia , escrevia e, quando ia ver, era preciso cortar um monte de coisa.
Escrever em um espaço limitado realmente não é fácil.
Senti o mesmo que ela quando, recentemente, prestei um concurso público. Em uma das questões, havia o comando para que redigíssemos, baseando-se nas principais idéias de uma entrevista reproduzida na prova, um artigo de opinião relacionado ao tema trânsito, transporte coletivo e crescimento urbano desordenado. Até aí, tudo bem. Mas... em, no máximo, 12 linhas?
Em geral, todos os meus textos são sucintos. Aliás, como leitora, também me atraem os textos curtos, como contos e microcontos. Mas se ver diante de uma limitação rígida de número de caracteres ou de linhas a serem escritos é uma situação em que se deve ser ainda mais seletivo na escolha das palavras e das relações - mais objetivas possíveis - entre elas. Na prova do concurso, meu rascunho da resposta à primeira questão foi todo “depenado”! Nas outras, comecei a me habituar com a exigência de um máximo de 12 linhas e procurava acertar já no próprio rascunho.
Escrever em espaços delimitados requer, simplesmente, treino.
Postado por Juliana.
quarta-feira, 11 de junho de 2008
Feminino ou masculino?
Então, diríamos: Por favor, duzentos gramas de canela.
Fontes: Dicionário UNESP do Português Contemporâneo e Priberam
Postado por Juliana.
sábado, 7 de junho de 2008
Via ECT
Isso porque não conhecem a Senhora Zelma, minha mãe! Ela sempre teve a família (minha avó e tios) longe, lá em Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe. O hábito de escrever cartas e cartões postais é tradicional e valioso para ela. É uma forma de dizer o que não dá tempo em um telefonema; detalhes e sensações difíceis de expressar quando se está preocupado com a conta de interurbano e com os ouvidos das paredes.
As cartas da mamãe são cheias de surpresas gostosas: fotos, recortes de jornal... doces palavras. Aliás, ela escreve tão bem que recebe convites para redigir discursos familiares e dizeres de cartões formais. Sua escrita possui a personalidade de seu bordado, que, antes de ficar pronto, por meio de um trabalho cuidadoso e de arremates firmes, já se encontra projetado em sua imaginação. O estilo se mostra nas linhas - da letra e do tecido - enquanto o ofício, se esconde nos rascunhos e moldes.
Selar um envelope e caminhar aos correios é um dos melhores prazeres! Em minha adolescência, no interior de Minas, chegava a receber quatro deles de uma vez! Todos de minhas amigas que moravam em Vitória. Na frente da casa havia uma caixinha de correspondência, fechada à chave, verificada todos os dias.
Minha melhor amiga de infância mora em Londres. Ela bem podia comunicar seu endereço novo por e-mail. Ao invés disso, enviou lindos cartões, by airmail, às pessoas estimadas que deixou no Brasil.
A tecnologia evolui, novos meios surgem para que a velocidade de trabalho aumente e para que as distâncias se encurtem de alguma forma. Nos adaptamos a eles e a vida melhora. No entanto, uma carta manuscrita jamais será irrelevante.
Postado por Juliana.
sábado, 31 de maio de 2008
O tormento com as palavras (Mergulhados no ostracismo)
A prática da escrita requer um esforço persistente da pessoa. Nem sempre conseguimos colocar em palavras o que nós queremos dizer. Há escritores brilhantes que com poucas palavras nos emocionam com suas sensibilidade e clareza. Entretanto, parece que mesmo bons autores enfrentam uma relação conflitante com a escrita. Tal prática requer um árduo trabalho mental, não é algo espontâneo que surge de repente, uma simples inspiração. Talvez possamos presenciar algo, ver algum evento ou uma paisagem que nos desperta a vontade de escrever, mas esses fatos são só ferramentas, o ato de escrever necessita mais do que isso.
Minha professora de português costumava dar redações para treinarmos a escrever. No momento em que ela ia retornar nossos trabalhos, ficávamos bastante ansiosos. Esperávamos receber a nossa redação com o escrito “Maravilha”, esta era a classificação máxima que poderíamos obter.
No momento em que fui realizar vestibular, adotei uma técnica que não empregaria atualmente. Primeiramente, percebi que os temas que as universidades requeriam não mudavam tanto. A maioria das provas sugeria que escrevêssemos sobre um assunto relacionado com educação, globalização, ou com questões sociais do mundo. Depois de praticar alguns temas em casa, pensei em um título e em uma estrutura para minha redação. Interessante que ela se adaptava a quase todos os enunciados. Nunca esqueci o título que escolhi: “Mergulhados no ostracismo”. Essa última palavra havia se consolidado no meu vocabulário dias antes de tê-la escolhido. Gostei dela, achei a mesma diferente e bonita, e poderia causar um impacto interessante nos examinadores. No primeiro parágrafo, introduzia o mito da caverna de Platão. Essa era minha outra tática. Que examinador não ficaria surpreso em ver um vestibulando citando trechos filosóficos? Após essa introdução, escrevia mais três parágrafos e, finalmente, a conclusão.
No meu primeiro vestibular, obtive nota quase máxima em redação. Foi um sucesso, comecei a ficar confiante nessa minha tática. Entretanto, após realizar mais vestibulares, minhas notas em redação não foram tão boas. Eu mesma achava que não merecia uma nota tão boa. Afinal, minhas redações estavam padronizadas. Sentia um desconforto em escrever sempre o mesmo título: “Mergulhados no ostracismo”. Se, atualmente, tivesse de me preparar para uma prova de redação, tentaria praticar mais minha escrita. Talvez tentasse escrever parágrafos ou textos cotidianamente, leria bastante jornais e livros clássicos de autores de língua portuguesa. Não seguiria um padrão ou dicas que limitam a criatividade. Faria um esquema antes de começar a escrever, e depois colocaria no papel minhas idéias.
Uma dificuldade que ainda tenho na prática da escrita refere-se às minhas conclusões, parece que termino o trabalho de forma muito súbita. Preciso desenvolver melhor isso. Mas, apesar de saber dessa minha limitação, fico feliz em saber que meu título pode ser outro que aquele do ostracismo...Engraçado, acho que esse termo foi bastante utilizado nas minhas redações, mas nunca o empreguei em outro momento de minha vida. Deixei minha criatividade vencer e espero contar com ela nos meus próximos sacrificantes e compensadores escritos.
Publicado por Patrícia
segunda-feira, 26 de maio de 2008
A língua portuguesa e suas origens

Postado por Juliana
quarta-feira, 7 de maio de 2008
Eu quero só dançar, rodopiar, seguir os passos sem pensar
Sem desgastar com as questões do dia-a-dia, com os meus medos
Com o sofrimento que vemos nas pessoas e em nós mesmos
Sentimentos mesquinhos e até naturais
Mas que não nos dão prazer
Quero sentir alegria, ver as coisas através de um outro olhar
No forró, os movimentos parecem sincronizados
Seguimos o parceiro, rimos dos nossos tropeços
Não precisamos falar nada com ninguém
Só dançamos, bailamos, damos vira-voltas no salão
Apesar de nunca ter visto os nossos companheiros de dança
Parece existir uma relação antiga
Os passos têm uma harmonia perfeita
As únicas palavras ditas estão no final
Cada um agradece o outro e volta ao seu lugar para a próxima dança
Há músicas que eu adoro nos forrós
Quando elas são tocadas, eu fecho os olhos
Danço e lembro de coisas boas
Acho que, mesmo velhinha, dançarei forró
Sem pensar em nada, só seguindo o ritmo da música...
Escrito por Patrícia
terça-feira, 6 de maio de 2008
En Español
Hoy, un post en Español. Sigue una pequeña idea general acerca del tema:
domingo, 4 de maio de 2008

Estragos
Deixo tudo estragar
Eu deixo estragar objetos
Eu deixo estragar meus celulares
Eu deixo estragar minhas roupas
Eu deixo estragar meus sapatos
deixo estragar dentes e pele
Eu deixo estragando meu tempo
Eu deixo estragando minha poesia
meu querer eu deixo de lado
Eu deixo estragar meu sono
meus domingos
meus feriados
Eu deixo estragar
Meu guarda-roupa
Meus parentes
Minhas coleções de tudo
e vou perdendo/estragando meu passado também
Estrago amores também
Mas conservo em bom estado
Todos os meus defeitos
Desde criança.
Renato Fraga
Postado por Juliana. Foto: Flickr
quinta-feira, 17 de abril de 2008
Aula de Redação
Carlos Drummond de Andrade
Lutar com palavras é a luta mais vã.
Entanto lutamos
mal rompe a manhã.
São muitas, eu pouco.
Algumas, tão fortes
como o javali.
Não me julgo louco.
Se o fosse,
teria poder de encantá-las.
Mas lúcido e frio,
apareço e tento
apanhar algumas
para meu sustento
num dia de vida.
Deixam-se enlaçar,
tontas à carícia
e súbito fogem
e não há ameaça
e nem há sevícia
que as traga de novo
ao centro da praça.
Insisto, solerte.
Busco persuadi-las.
Ser-lhes-ei escravo
de rara humildade.
Guardarei sigilo
de nosso comércio.
Na voz, nenhum travo
de zanga ou desgosto.
Sem me ouvir deslizam,
perpassam levíssima
se viram-me o rosto.
Lutar com palavras
parece sem fruto.
Não têm carne e sangue…
Entretanto, luto.
Palavra, palavra
(digo exasperado),
se me desafias,
aceito o combate.
Quisera possuir-te
neste descampado,
sem roteiro de unha
ou marca de dente
nessa pele clara.
Preferes o amor
de uma posse impura
e que venha o gozo
da maior tortura.
Luto corpo a corpo,
luto todo o tempo,
sem maior proveito
que o da caça ao vento.
Não encontro vestes,
não seguro formas,
é fluido inimigo
que me dobra os músculo
se ri-se das normas
da boa peleja.
Iludo-me às vezes,
pressinto que a entrega
se consumará.
Já vejo palavras
em coro submisso,
esta me ofertando
seu velho calor,
aquela sua glória
feita de mistério,
outra seu desdém,
outra seu ciúme,
e um sapiente amor
me ensina a fruir
de cada palavra
a essência captada,
o sutil queixume.
Mas ai! é o instante
de entreabrir os olhos:
entre beijo e boca,
tudo se evapora.
O ciclo do dia
ora se consuma
e o inútil duelo
jamais se resolve.
O teu rosto belo,
ó palavra,esplende
na curva da noite
que toda me envolve.
Tamanha paixão
e nenhum pecúlio.
Cerradas as portas,
a luta prossegue
nas ruas do sono.
Postado por Juliana.
quarta-feira, 16 de abril de 2008
Trecho da obra “The Promise of Politics”, Hannah Arendt
Postado por Patrícia
terça-feira, 15 de abril de 2008
Foto 3x4 milagrosa
Postado por Patrícia
sábado, 12 de abril de 2008
Roda Viva
Jornalista e escritor
1968, O Ano do Não
O mundo foi sacudido por manifestações estudantis, protestos, assassinatos e a Guerra do Vietnã, tudo isso se refletindo nas artes, nas atitudes e costumes, principalmente da juventude.
No subúrbio de Paris, na França, estudantes disseram não às proibições impostas pela rígida moral da universidade. As manifestações ganharam força e se estenderam para outras universidades e na ocupação de fábricas pelo movimento sindical. Na Primavera de Praga, tanques soviéticos invadiram a capital da Tchecoslováquia para impedir o chamado "Socialismo de Face Humana". O mundo assistia o fracasso dos EUA na Guerra do Vietnã e via também os assassinatos do ativista negro Martin Luther King Jr. e de Robert Kennedy, liberal branco que disputava a presidência.
No Brasil, em plena ditadura, as idéias libertárias provocaram protestos, manifestações e resposta das autoridades. Músicas e peças teatrais foram censuradas e o Congresso da Une, em Ibiúna, em São Paulo, foi dissolvido pela polícia. No final do ano, o AI-5 se encarregou do resto, ao proibir reuniões e manifestações políticas, fechar o Congresso Nacional e dar poderes absolutos ao Governo.
O jornalista e escritor Zuenir Ventura, autor do livro "1968: O ano que não terminou", volta agora com uma nova publicação: "1968: O que foi feito de nós", onde pergunta que balanço se pode fazer hoje de um ano tão carregado de ambições e sonhos e analisa o que restou dos ideais e o que foi feito daquela geração que pretendia mudar o mundo.
Participam como convidados entrevistadores:
Maria Isabel Mendes de Almeida, socióloga e professora da PUC/Rio e Universidade Cândido Mendes; Sidnei Basile, vice-presidente de relações institucionais do Grupo Abril; Augusto Nunes, diretor-executivo do jornal Gazeta Mercantil e do Jornal do Brasil; Marcos Augusto Gonçalves, editor do caderno Ilustrada do jornal Fol ha de S. Paulo; Regina Zappa, jornalista e escritora, co-autora do livro 1968, Eles Só Queriam Mudar o Mundo, junto com Ernesto Soto, que também está sendo lançado agora; Fred Melo Paiva, editor do caderno Aliás do jornal O Estado de S. Paulo.
Apresentação: Carlos Eduardo Lins da Silva
O Roda Viva é apresentado às segundas a partir das 22h40.
Você pode assistir on-line acessando o site no horário do programa.
http://www.tvcultura.com.br/rodaviva/
Postado por Juliana.
sexta-feira, 11 de abril de 2008
Fim da ocupação da reitoria

http://www.uai.com.br/UAI/html/sessao_2/2008/04/10/em_noticia_interna,id_sessao=2&id_noticia=58492/em_noticia_interna.shtml
O Conselho Universitário divulgou moção com relação ao episódio no IGC.
Postado por Juliana. Foto: Flickr
quarta-feira, 9 de abril de 2008
Por uma mudança interna

Civilidade = conjunto de formalidades que os cidadãos observam entre si, quando bem educados;
delicadeza;
cortesia;
etiqueta;
urbanidade.
Fonte: Priberam
Postado por Juliana.
Ocupação UFMG

A reunião de ontem foi transmitida no telão do auditório. Alguns professores conselheiros se posicionaram muito bem sobre o absurdo acontecimento no IGC, manifestando repúdio à violência no Brasil em pleno século XXI e propondo responsabilização não apenas de um ou de outro, mas de toda a instituição. Assim, sairemos do estágio de investigação de um ou mais culpados para uma atitude coletiva de busca de soluções e prevenção de futuros erros.
Algumas demandas já foram atendidas pela reitoria, o que reforça a legitimidade adquirida pela ocupação.
Acompanhe o processo no blog da ocupação!
Postado por Juliana.
Foto: Foca Lisboa
terça-feira, 8 de abril de 2008
Ainda há pelo que lutar

Em tempos de democracia, a gente ouve muito dizer que o movimento estudantil - representado pela UNE, principalmente - está apagado ou que não possui tanta expressão como nos anos 60 e 70.
Eu já até havia formulado uma explicação para isso na minha cabeça: as gerações anteriores à minha conquistaram direitos e garantiram, por lei, reivindicações importantes para o estado em que se encontra a política hoje, no sentido de haver eleições diretas, universais, enfim. O poder é exercido pelo povo, direta ou indiretamente. A censura acabou e a anistia foi concedida.
Mas ainda há, sim, uma grande causa a ser defendida, a da continuidade de preservação do que nos foi deixado pelo movimento estudantil do período militar e da década de 70. É essencial que nós fiquemos alertas a todas as manifestações contrárias ao princípio do respeito à dignidade da pessoa humana. É importante que a comunidade estudantil não apenas se posicione, mas exija o cumprimento de seus anseios, mediante debates e reflexões.
Cada turma de faculdade vive seu próprio tempo. A luta atual não significa uma imitação nonsense do que ocorreu no tempo de Chico Buarque, Paulo Markun, Vladimir Herzog , Caetano Veloso, etc. Trata-se de experienciar uma realidade diversa e modificá-la, se necessário (como é, no momento presente), através de meios lúcidos e responsáveis.
Toda a comunidade acadêmica deve se envolver nas questões levantadas pelos estudantes porque a experiência docente só vem a ajudar e a vivência prática dos funcionários também contribui amplamente, por exemplo, para o entendimento da máquina burocrática.
Tenho muita satisfação em ver o pessoal envolvido em uma luta que é de toda a sociedade: melhorar a qualidade do relacionamento no interior da instituição, que doa seus resultados ao mundo, o que é muita responsabilidade. A preocupação das pessoas que estão ocupando a Reitoria mostra que ainda há quem não pense apenas em seu próprio umbigo, mas, sim, em âmbito global, geral, público. Ao contrário, pessoas permaneciam tranquilamente dentro de suas unidades, enquanto uma importante assembléia acontecia, com a presença do Reitor da universidade. Para quem ouve tudo por alto, o movimento não passava de uma união de maconheiros fazendo confusão.
Para mim, eram pessoas que ainda conservam sua integridade, que ainda acreditam, que não esperam, que criticam, ouvem, votam e possuem boas intenções. São pessoas que têm a inocência da juventude e a consciência de um adulto bem estruturado politicamente.
Postado por Juliana.
Ocupação da Reitoria na UFMG

Diante disso, uma audiência foi solicitada à Reitoria - maior instância responsável pela universidade - pelos estudantes. O pedido foi atendido no final da tarde de ontem, com a presença da vice-reitora, do reitor e da diretoria do IGC - Instituto de Geociências - local em que o filme foi exibido.
Após a audiência, uma assembléia estudantil foi realizada e deliberou-se a permanência dos estudantes no prédio da Reitoria. A decisão foi motivada pela incerteza com relação ao atendimento das questões levantadas pelos dicentes, pelo entendimento de que a resistência pacífica é um caminho, uma alternativa contra o abuso de autoridade e foi baseada, entre outros fatores, em experiências anteriores, em outras instituições brasileiras, como a UNB.
Hoje, ao meio-dia, em nova assembléia estudantil, foram definidos os pontos a serem incluídos na pauta da reunião com o Conselho Universitário, marcada para as 16 horas.
Gostaria de esclarecer que estive presente em todas as assembléias citadas. Peço a todos os estudantes que não podem estar presentes nas deliberações, que procurem informação diretamente na Reitoria, com a Comissão de Comunicação, formada, especialmente, para prestar informações seguras e claras.
*repressão s.f. 5 interrupção com utilização de violência 7 jur ato de reprimir, coibir, combater, ger. pelo uso da força
FONTE: HOUAISS, Antônio; SALLES, Mauro Villar de. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
Postado por Juliana.
sábado, 5 de abril de 2008
Análise do discurso
E em placido repouso adormeceu;
Quem não sentiu o frio da desgraça,
Quem passou pela vida e não sofreu,
Foi espectro de homem, não foi homem,
Só passou pela vida, não viveu.
FRANCISCO OCTAVIANO
Não me inscrevi, por causa da indisponibilidade de horários. Mas, na sexta-feira, trabalhei de manhã e me permiti deixar a tarde para "penetrar" em algum seminário ou comunicação. As opções eram muitas, mas, em tempos de concurso público, escolhi o tema Estudos sobre o ethos na persuasão política, com o pessoal da UFOP, UFMG e PUC-Minas.
Em um evento como esse, o interesse das pessoas se volta para os estudos em Análise do discurso e Literatura; Análise do discurso nas peças publicitárias, enfim. Dessa forma, o Prof. William Augusto Menezes (UFOP) iniciou as apresentações dizendo: Estamos aqui quase em um encontro clandestino e, em meio a risadas, o pós-doutorando Melliandro Mendes Galinari (UFMG) anunciou: Direto dos porões do Simpósio Internacional de Análise do discurso...
Após a reunião underground, me dirigi ao auditório azul da Fafich para ouvir a Prof. Graça falar no trágico em Um nó na garganta, um silêncio na sala: “não falem de coisas tristes”, sobre a recusa de temas relacionados ao sofrimento na escola, instituição que já possui em si (especialmente a escola pública) aspectos tristes.
Postado por Juliana.
terça-feira, 1 de abril de 2008

A Ponte
Salto esculpido
sobre o vão
do espaço
em chão
de pedra e de aço
onde não permaneço
- passo.
Zila Mamede in: Navegos, 1978.
Zila Mamede (1828-1990), poeta, nasceu em Nova Palmeira-PB, mas seu berço literário foi Natal -RN.
Postado por Juliana.
domingo, 30 de março de 2008
Lavras Novas com amigos
Casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.
Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar... as janelas olham.
Eta vida besta, meu Deus.
Carlos Drummond de Andrade
Postado por Juliana.
sábado, 29 de março de 2008
Hablar

Me lembro que havia uma revista (não sei se ainda existe) chamada Speak Up, que oferecia um método de “auto-aprendizado” de línguas. O material eram textos (inclusive diálogos ilustrados), exercícios e fitas cassete. Eu utilizei o recurso para um primeiro contato com o espanhol, uma amiga minha usou para aprender alemão e nós consideramos a revista bem eficaz, levando-se em conta a dedicação do interessado.
Para se aprender uma língua é importante haver um direcionamento, por isso, é indicada a presença de um professor. Mas ele pode estar presente física ou virtualmente e não é o único fator envolvido nos bons resultados. Dedicar um tempo à prática da língua é essencial.
Uma reportagem do El tiempo (Colômbia) diz que a Internet é um ótimo instrumento para se aprender línguas, tão bom como viajar ao exterior!
Veja em: http://www.elcastellano.org/noticia.php?id=561
Postado por Juliana.
quinta-feira, 27 de março de 2008
A desigualdade
Se estivesse em casa nesse horário, assistiria ao programa, pois, ontem mesmo, na volta para casa, dentro do ônibus, conversava com um amigo da faculdade sobre alternativas para chegar da aula com segurança, uma vez que o recente assalto me deixou um pouco assustada. Daí, surgiu o assunto da desigualdade, que leva aos atos de violação do âmbito pessoal do outro. Não vejo saída para um problema que, apesar de esforços governamentais e dos cidadãos, é desequilibrado constantemente pelas pessoas ricas (empresários, apresentadores de TV, atores globais etc.), que gastam três mil reais em um sapato ou uma bolsa. O agravamento da desigualdade acontece e é mostrado, para quem quer ver, de uma forma colorida nas páginas de algumas revistas e no vídeo exibido por alguns canais.
A mídia não é a vilã nesta situação, mas, sim, o comportamento dos brasileiros em geral.
*estranho o Aécio Neves se distanciar do contexto brasileiro, no momento em que eu paro para analisar um assalto ocorrido na calçada do Tribunal de Justiça Militar, em Belo Horizonte.
Postado por Juliana.
quarta-feira, 26 de março de 2008
Literatura Infanto-juvenil

O quarto das horas "aborda o universo nonsense dos sonhos".
sábado, 22 de março de 2008
No outro dia, não me foi permitido almoçar no restaurante universitário pelo preço de aluno, mesmo de posse do número do B.O., que fica pronto somente após 48 horas. Através de um e-mail endereçado à Reitoria, consegui o ressarcimento do que me foi cobrado em excesso.
A maior parte dos documentos foi encontrada por um homem que fez de tudo para me contactar e entregá-los.
Assim, na minha “estréia” como assaltada, encontrei desrespeito, mas também atenção. Exposta ao risco, fui submetida à abordagem, mas protegida e poupada da violência física. Assim como não há, na Terra, Sol sem Lua, doce sem sal, água sem fogo, em nossa existência não há convívio sem conflito, alegria sem desgosto, equilíbrio sem caos. Tudo se movimenta, vai, volta, se modifica, se acomoda e cada um realiza sua própria seleção de elementos bons ou ruins para compor sua trajetória e interferir na sociedade.
Entre os fundamentos da República, forma de governo adotada no Brasil, está a dignidade da pessoa humana.
“A dignidade é um valor espiritual e moral inerente à pessoa, que se manifesta singularmente na autodeterminação consciente e responsável da própria vida e que traz consigo a pretensão ao respeito por parte das demais pessoas, constituindo-se um mínimo invulnerável que todo estatuto jurídico deve assegurar, de modo que, somente excepcionalmente, possam ser feitas limitações ao exercício dos direitos fundamentais, mas sempre sem menosprezar a necessária estima que merecem todas as pessoas enquanto seres humanos” (MORAES, 2004, p.52).
Ainda, a maioria das pessoas que habitam as cidades não se comportam como “iguais” em relação ao outro. No entanto, é essencial a visão republicana para suavizar o cotidiano.
A Páscoa, data importante no calendário cristão, simboliza uma passagem, uma mudança para melhor. Nesta época do ano renovamos o espírito, nos confessando, perdoando (como lembrou Tom Jobim, em entrevista a Roberto D´ávila, "perdoar; perdonar; perdonare; pardonner, forgive: para dar") e abrindo portas do coração.
sexta-feira, 21 de março de 2008

Antonio Carlos Jobim
Vim do norte vim de longe
De um lugar que já nem há
Vim dormindo pela estrada
Vim parar neste lugar
Meu cheiro é de cravo
Minha cor de canela
A minha bandeira
É verde e amarela
Pimenta de cheiro
Cebola em rodela
Um beijo na boca
Feijão na panela
Gabriela Sempre Gabriela
Passei um café inda escuro
E logo me pus a caminho
Eu quero rever Gabriela
De novo provar seu cheirinho
Manhã bem cedinho na mata
O sol derramou seu carinho
Um brilho na folha da jaca
Pensei em rever meu benzinho
Gabriela
Se ainda sobrasse um dinheiro
Podia comprar-te um vestido
E mais um vidrinho de cheiro
Contar-te um segredo no ouvido
Te trouxe um anel verdadeiro
Sonhei que era teu preferido
Pensei, repensei tanta coisa
Ah, me deixa ser teu marido
Pensei, repensei tanta coisa
Queria casar-me contigo
Gabriela Gabriela
Todos os dias esta saudade
Felicidade cadê você
Já não consigo viver sem ela
Eu vim à cidade pra ver Gabriela
Tenho pensado muito na vida
Volta bandida mata essa dor
Volta pra casa, fica
Eu te perdoo com raiva e amor
Chega mais perto, moço bonito
Chega mais perto meu raio de sol
A minha casa é um escuro deserto
Mas com você ela é cheia de sol
Molha a tua boca na minha boca
A tua boca é meu doce é meu sal
Mas quem sou eu nesta vida tão louca?
Mais um palhaço no teu carnaval
Casa de sombra vida de monge
Quanta cachaça na minha dor
Volta pra casa, fica comigo
Vem que eu te espero tremendo de amor
Em noite sem lua, pulei a cancela
Cai do cavalo, perdi Gabriela
Oh, lua de cera, oh lua singela
Lua feiticeira cadê Gabriela?
Ontem vim de lá do Pilar Inda ontem vim lá do Pilar
Já tô com vontade de ir por aí
Ontem vim de lá
Inda ontem vim de lá
Já tô com vontade de ir por aí
E na corda da viola todo mundo sambar
E na corda da viola todo mundo sambar
Todo mundo sambar
Todo mundo sambar quebra pedra....
Postado por Juliana.
Música em Língua Portuguesa

Assistindo ao primeiro dvd do Tom Jobim, gravado em Montreal, em 1986, que sensação boa senti! Aquelas músicas "de sempre", tão bonitas. A gente não cansa de ouvir. É assim com a obra de outros artistas como Caetano Veloso, Chico Buarque: o pessoal regrava, regrava e regrava e a gente não enjoa. Eu praticamente só escuto música brasileira porque amo. Mas não gosto de bossa nova. O Chico Buarque disse: "Caymmi é Caymmi". Da mesma forma, para mim, falando como público, apenas, isto é, como leiga em música, "Tom Jobim é Tom Jobim". Eu o separo da bossa nova (como: João Gilberto, Marcos Vale, Quarteto em Cy etc.). Por outro lado, junto o maestro com Nara Leão e Vinícius de Moraes. Isso é o que soa bem aos meus ouvidos, pessoalmente.
domingo, 16 de março de 2008
Cesária Évora e Marisa Monte
Adoro esse dueto da canção Mar Azul. Cesária Évora é cabo-verdiana. Cabo Verde é um arquipélago africano. A população fala português e crioulo caboverdiano.
Mar Azul
Composição: B. Leza
O... Mar, detá quitinho bô dixam bai
Bô dixam bai spiá nha terra
Bô dixam bai salvá nha Mâe... Oh Mar
Mar azul, subi mansinho
Lua cheia lumiam caminho
Pam ba nha terra di meu
São Vicente pequinino, pam bà braçá nha cretcheu...
Oh... Mar, anô passá tempo corrê
Sol raiá, lua sai
A mi ausente na terra longe... O Mar
Postado por Juliana.
terça-feira, 11 de março de 2008
Primeiro devagarinho, depois tomou conta de tudo
O suco de maracujá e o dia agitado contribuíram para esse sono pesado
De repente, não lembro de mais nada
Notícias das coisas do mundo só no dia seguinte
Até os sonhos pareciam estar distantes
Tudo estava longe
Por um instante me senti como um objeto inanimado
Sem conexão com as pessoas ao redor
Sem pensar em nada, pelo menos não me lembro de nada
Até que me desperto com a claridade do dia
Espontaneamente, sem despertador
Voltei ao mundo, parece que renasci
Retornei às sensações conhecidas, aparentemente claras
Mas hoje à noite retorno àquele mundo diferente do adormecer
Muitas sensações poderão ser vividas e sentidas em nossos sonhos
Às vezes sonhamos com acontecimentos desejados ou que nos causam preocupações
Outras vezes, parece que nem sonhamos, mas sim, damos um intervalo de nós mesmos e voltamos só depois...
Publicado por Patrícia
Postado por Patrícia
sexta-feira, 7 de março de 2008
Filme sobre a nossa língua

Filmes sobre a língua portuguesa nos fazem ficar mais apaixonados por ela. Mostram seu território, sua musicalidade, mostram como são as pessoas que formam seu grupo de falantes, nos instigam a outras descobertas sobre algo com que temos contato desde que nascemos. E há sempre mais a conhecer.
Wim Wenders fez um filme assim: O céu de Lisboa, em 1995. Se você aluga em DVD, dá vontade de ver os extras.
quarta-feira, 5 de março de 2008
A prova

Numa daquelas casas ali morava Analu. Menina de família bem de vida, menina educada, pura ingenuidade, mas tão indefesa, tão indefesa... tal qual o coleirinho criado cativo. Analu não tinha o que pudesse desencadear em seu organismo o estímulo para o envio de uma mensagem ao cérebro, que fizesse com que uma frase de reação fosse formulada e as palavras desta frase se tornassem som, produzido pela vibração de suas cordas vocais, junto ao movimento de língua, lábios e dentes. Ela não se defendia. Não se revoltava, não se abalava diante das chacotas que lhe eram oferecidas gratuitamente todas as vezes em que contava seus casos. Muitas vezes as gozações eram feitas às suas costas- dentro das casas ou nas rodas de estudo, quando de uma dispersão dos estudantes -é verdade. De qualquer forma, Analu era alheia e não se importava que acreditassem ou desacreditassem em seus casos. Não houve vez em que demonstrasse desejo de provar que o que estava contando era verídico. Até que um dia, o... bem, primeiro vou contar umas duas estórias dessa menina que você vai achar até que ela devia estar no hospício.
Disse ela que uns turistas de uma praia muito exótica no oceano Pacífico estavam bem contentes e folgados em suas luas-de-mel, férias e recessos, quando uma onda gigante de cinco metros subiu da arrebentação. As águas levaram pessoas, carros, casas, vacas, pianos, tudo o que estava no caminho entre o esticar da onda e o seu recolher. Não é demais? Cinco metros? Então. Pois contou, também, Analu, que uma criatura com uma cabeça, seis braços com trinta dedos e quatro olhos tocou a zabumba, o triângulo e a sanfona aos pés de sua janela e da catuabeira. Mais tarde, a criatura pegou ainda a rabeca e desandou a xaxar.
Pois um dia, foi aí, foi nesse dia que a Analu teve um estalo. As implicâncias entraram em seu ouvido externo, viajaram lá para dentro da caixola, um pouquinho delas foi para o fígado, outro pro coração, um tiquinho saiu pelo outro ouvido, danaram a fazer volta dentro da caixola, estimularam o cérebro, o qual ordenou que uma mensagem fosse dita pela voz de Analu aos descrentes.
― E-e-e-e-ita! Rapaz, e qual foi a mensagem?
A menina olhou sem expressão para quem lhe chacoteava pedindo provas do que ela dizia e afirmou:
Eu vi.
Conto dedicado ao Grupo pernambucano Comadre Fulozinha.
Postado por Juliana. Foto: Flickr