sábado, 7 de junho de 2008

Via ECT

Outro dia, li, em um site, um texto sobre o fim do e-mail, que, segundo o autor, estaria muito próximo. Nesse dia, esse meio de comunicação já teria se tornado "tão relevante quanto uma carta manuscrita, dentro de um envelope selado". Às vezes as pessoas se esquecem de que certos costumes e experiências culturais e sociais continuam a existir fora do eixo pontocom.

Isso porque não conhecem a Senhora Zelma, minha mãe! Ela sempre teve a família (minha avó e tios) longe, lá em Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe. O hábito de escrever cartas e cartões postais é tradicional e valioso para ela. É uma forma de dizer o que não dá tempo em um telefonema; detalhes e sensações difíceis de expressar quando se está preocupado com a conta de interurbano e com os ouvidos das paredes.

As cartas da mamãe são cheias de surpresas gostosas: fotos, recortes de jornal... doces palavras. Aliás, ela escreve tão bem que recebe convites para redigir discursos familiares e dizeres de cartões formais. Sua escrita possui a personalidade de seu bordado, que, antes de ficar pronto, por meio de um trabalho cuidadoso e de arremates firmes, já se encontra projetado em sua imaginação. O estilo se mostra nas linhas - da letra e do tecido - enquanto o ofício, se esconde nos rascunhos e moldes.

Selar um envelope e caminhar aos correios é um dos melhores prazeres! Em minha adolescência, no interior de Minas, chegava a receber quatro deles de uma vez! Todos de minhas amigas que moravam em Vitória. Na frente da casa havia uma caixinha de correspondência, fechada à chave, verificada todos os dias.

Minha melhor amiga de infância mora em Londres. Ela bem podia comunicar seu endereço novo por e-mail. Ao invés disso, enviou lindos cartões, by airmail, às pessoas estimadas que deixou no Brasil.

A tecnologia evolui, novos meios surgem para que a velocidade de trabalho aumente e para que as distâncias se encurtem de alguma forma. Nos adaptamos a eles e a vida melhora. No entanto, uma carta manuscrita jamais será irrelevante.

Postado por Juliana.


2 comentários:

Gabriela Galvão disse...

Ai, amei isto!!!!

Mas eu fiquei mais internética, devo reconhecer...


Mas amo suas cartas cheias d detalhes, como as da mamãe!!!!!!

Brigada e bj!!!!!!!!!!

Anônimo disse...

lindo o texto ... lindissimo.

Estimula e mantem vivo o nosso abandonado habito de escrever (de preferencia com lapiseira e nunca a caneta).

Seja ele um pequeno cartao de presente, uma carta a alguem distante, uma capa de disco ..

lindo texto, linda a foto. e letras inacreditavelmente identicas. :-)