terça-feira, 8 de abril de 2008

Ainda há pelo que lutar




Em tempos de democracia, a gente ouve muito dizer que o movimento estudantil - representado pela UNE, principalmente - está apagado ou que não possui tanta expressão como nos anos 60 e 70.
Eu já até havia formulado uma explicação para isso na minha cabeça: as gerações anteriores à minha conquistaram direitos e garantiram, por lei, reivindicações importantes para o estado em que se encontra a política hoje, no sentido de haver eleições diretas, universais, enfim. O poder é exercido pelo povo, direta ou indiretamente. A censura acabou e a anistia foi concedida.
Mas ainda há, sim, uma grande causa a ser defendida, a da continuidade de preservação do que nos foi deixado pelo movimento estudantil do período militar e da década de 70. É essencial que nós fiquemos alertas a todas as manifestações contrárias ao princípio do respeito à dignidade da pessoa humana. É importante que a comunidade estudantil não apenas se posicione, mas exija o cumprimento de seus anseios, mediante debates e reflexões.
Cada turma de faculdade vive seu próprio tempo. A luta atual não significa uma imitação nonsense do que ocorreu no tempo de Chico Buarque, Paulo Markun, Vladimir Herzog , Caetano Veloso, etc. Trata-se de experienciar uma realidade diversa e modificá-la, se necessário (como é, no momento presente), através de meios lúcidos e responsáveis.
Toda a comunidade acadêmica deve se envolver nas questões levantadas pelos estudantes porque a experiência docente só vem a ajudar e a vivência prática dos funcionários também contribui amplamente, por exemplo, para o entendimento da máquina burocrática.
Tenho muita satisfação em ver o pessoal envolvido em uma luta que é de toda a sociedade: melhorar a qualidade do relacionamento no interior da instituição, que doa seus resultados ao mundo, o que é muita responsabilidade. A preocupação das pessoas que estão ocupando a Reitoria mostra que ainda há quem não pense apenas em seu próprio umbigo, mas, sim, em âmbito global, geral, público. Ao contrário, pessoas permaneciam tranquilamente dentro de suas unidades, enquanto uma importante assembléia acontecia, com a presença do Reitor da universidade. Para quem ouve tudo por alto, o movimento não passava de uma união de maconheiros fazendo confusão.
Para mim, eram pessoas que ainda conservam sua integridade, que ainda acreditam, que não esperam, que criticam, ouvem, votam e possuem boas intenções. São pessoas que têm a inocência da juventude e a consciência de um adulto bem estruturado politicamente.


Postado por Juliana.
Foto: Foca Lisboa

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