domingo, 30 de março de 2008

Lavras Novas com amigos

Cidadezinha qualquer

Casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.
Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar... as janelas olham.
Eta vida besta, meu Deus.

Carlos Drummond de Andrade

Postado por Juliana.

sábado, 29 de março de 2008

Hablar




Me lembro que havia uma revista (não sei se ainda existe) chamada Speak Up, que oferecia um método de “auto-aprendizado” de línguas. O material eram textos (inclusive diálogos ilustrados), exercícios e fitas cassete. Eu utilizei o recurso para um primeiro contato com o espanhol, uma amiga minha usou para aprender alemão e nós consideramos a revista bem eficaz, levando-se em conta a dedicação do interessado.

Para se aprender uma língua é importante haver um direcionamento, por isso, é indicada a presença de um professor. Mas ele pode estar presente física ou virtualmente e não é o único fator envolvido nos bons resultados. Dedicar um tempo à prática da língua é essencial.

Uma reportagem do El tiempo (Colômbia) diz que a Internet é um ótimo instrumento para se aprender línguas, tão bom como viajar ao exterior!

Veja em: http://www.elcastellano.org/noticia.php?id=561


Postado por Juliana.

quinta-feira, 27 de março de 2008

A desigualdade

O tema do programa Palavra Cruzada de 26/03/08 é: Objetivos do Milênio.
"Os Estados-Membros das Nações Unidas assumiram o compromisso de, até 2015, reduzir a pobreza e melhorar a educação, entre outras metas. Mas um relatório aponta que o Brasil dificilmente conseguirá diminuir pela metade a desigualdade social. Diferente do país, Minas Gerais apresentou avanços nesses dois itens*.
No Palavra Cruzada você vai saber mais sobre os objetivos da ONU e os avanços no Brasil e no estado. Para falar sobre o assunto, a jornalista Maria Amélia Ávila recebe o economista Márcio Salvato, coordenador do Instituto Desenvolvimento Humano e Sustentável da PUC Minas, organização que produziu o relatório dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, referente à região sudeste do país, para o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Também participam do programa o sociólogo e doutor em Ciências Sociais, Rudá Ricci, e os jornalistas Eduardo Murta, do jornal Hoje em Dia, e Ana Paula Lima, do jornal Hoje em Dia. Não perca! O Palavra Cruzada vai ao ar na quarta-feira, dia 26/03, aovivo, a partir das 21h, pela Rede Minas."


Se estivesse em casa nesse horário, assistiria ao programa, pois, ontem mesmo, na volta para casa, dentro do ônibus, conversava com um amigo da faculdade sobre alternativas para chegar da aula com segurança, uma vez que o recente assalto me deixou um pouco assustada. Daí, surgiu o assunto da desigualdade, que leva aos atos de violação do âmbito pessoal do outro. Não vejo saída para um problema que, apesar de esforços governamentais e dos cidadãos, é desequilibrado constantemente pelas pessoas ricas (empresários, apresentadores de TV, atores globais etc.), que gastam três mil reais em um sapato ou uma bolsa. O agravamento da desigualdade acontece e é mostrado, para quem quer ver, de uma forma colorida nas páginas de algumas revistas e no vídeo exibido por alguns canais.


A mídia não é a vilã nesta situação, mas, sim, o comportamento dos brasileiros em geral.


*estranho o Aécio Neves se distanciar do contexto brasileiro, no momento em que eu paro para analisar um assalto ocorrido na calçada do Tribunal de Justiça Militar, em Belo Horizonte.


Postado por Juliana.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Literatura Infanto-juvenil

Recém-lançado, de publicação do autor, que é natural de Belo Horizonte, mas está a caminho de João Pessoa.
O quarto das horas "aborda o universo nonsense dos sonhos".
Publicado por Juliana.

sábado, 22 de março de 2008

Era dia de semana, noite, março. Andava sozinha de volta para casa quando sua sombra se juntou à minha. Ao meu ato reflexo ele disse palavras quase tranquilizadoras. Porém, o instinto de defesa e contestação me fez correr até onde podia avistá-lo. Não sendo mais possível persuadí-lo a descartar meus objetos pessoais e documentação, me dirigi até um local em que havia, no mínimo, meia dúzia de policiais juntos e muitas viaturas. Seguiu-se uma pequena busca infrutífera e a preparação do boletim de ocorrência.

No outro dia, não me foi permitido almoçar no restaurante universitário pelo preço de aluno, mesmo de posse do número do B.O., que fica pronto somente após 48 horas. Através de um e-mail endereçado à Reitoria, consegui o ressarcimento do que me foi cobrado em excesso.

A maior parte dos documentos foi encontrada por um homem que fez de tudo para me contactar e entregá-los.

Assim, na minha “estréia” como assaltada, encontrei desrespeito, mas também atenção. Exposta ao risco, fui submetida à abordagem, mas protegida e poupada da violência física. Assim como não há, na Terra, Sol sem Lua, doce sem sal, água sem fogo, em nossa existência não há convívio sem conflito, alegria sem desgosto, equilíbrio sem caos. Tudo se movimenta, vai, volta, se modifica, se acomoda e cada um realiza sua própria seleção de elementos bons ou ruins para compor sua trajetória e interferir na sociedade.

Entre os fundamentos da República, forma de governo adotada no Brasil, está a dignidade da pessoa humana.

“A dignidade é um valor espiritual e moral inerente à pessoa, que se manifesta singularmente na autodeterminação consciente e responsável da própria vida e que traz consigo a pretensão ao respeito por parte das demais pessoas, constituindo-se um mínimo invulnerável que todo estatuto jurídico deve assegurar, de modo que, somente excepcionalmente, possam ser feitas limitações ao exercício dos direitos fundamentais, mas sempre sem menosprezar a necessária estima que merecem todas as pessoas enquanto seres humanos” (MORAES, 2004, p.52).

Ainda, a maioria das pessoas que habitam as cidades não se comportam como “iguais” em relação ao outro. No entanto, é essencial a visão republicana para suavizar o cotidiano.

A Páscoa, data importante no calendário cristão, simboliza uma passagem, uma mudança para melhor. Nesta época do ano renovamos o espírito, nos confessando, perdoando (como lembrou Tom Jobim, em entrevista a Roberto D´ávila, "perdoar; perdonar; perdonare; pardonner, forgive: para dar") e abrindo portas do coração.
Postado por Juliana.

sexta-feira, 21 de março de 2008

Gabriela
Antonio Carlos Jobim

Vim do norte vim de longe
De um lugar que já nem há
Vim dormindo pela estrada
Vim parar neste lugar
Meu cheiro é de cravo
Minha cor de canela
A minha bandeira
É verde e amarela
Pimenta de cheiro
Cebola em rodela
Um beijo na boca
Feijão na panela


Gabriela Sempre Gabriela

Passei um café inda escuro
E logo me pus a caminho
Eu quero rever Gabriela
De novo provar seu cheirinho
Manhã bem cedinho na mata
O sol derramou seu carinho
Um brilho na folha da jaca
Pensei em rever meu benzinho
Gabriela
Se ainda sobrasse um dinheiro
Podia comprar-te um vestido
E mais um vidrinho de cheiro
Contar-te um segredo no ouvido
Te trouxe um anel verdadeiro
Sonhei que era teu preferido
Pensei, repensei tanta coisa
Ah, me deixa ser teu marido
Pensei, repensei tanta coisa
Queria casar-me contigo
Gabriela Gabriela
Todos os dias esta saudade
Felicidade cadê você
Já não consigo viver sem ela
Eu vim à cidade pra ver Gabriela
Tenho pensado muito na vida
Volta bandida mata essa dor
Volta pra casa, fica
Eu te perdoo com raiva e amor
Chega mais perto, moço bonito
Chega mais perto meu raio de sol
A minha casa é um escuro deserto
Mas com você ela é cheia de sol
Molha a tua boca na minha boca
A tua boca é meu doce é meu sal
Mas quem sou eu nesta vida tão louca?
Mais um palhaço no teu carnaval
Casa de sombra vida de monge
Quanta cachaça na minha dor
Volta pra casa, fica comigo
Vem que eu te espero tremendo de amor
Em noite sem lua, pulei a cancela
Cai do cavalo, perdi Gabriela
Oh, lua de cera, oh lua singela
Lua feiticeira cadê Gabriela?
Ontem vim de lá do Pilar Inda ontem vim lá do Pilar
Já tô com vontade de ir por aí
Ontem vim de lá
Inda ontem vim de lá
Já tô com vontade de ir por aí
E na corda da viola todo mundo sambar
E na corda da viola todo mundo sambar
Todo mundo sambar
Todo mundo sambar quebra pedra....


Postado por Juliana.

Música em Língua Portuguesa



Assistindo ao primeiro dvd do Tom Jobim, gravado em Montreal, em 1986, que sensação boa senti! Aquelas músicas "de sempre", tão bonitas. A gente não cansa de ouvir. É assim com a obra de outros artistas como Caetano Veloso, Chico Buarque: o pessoal regrava, regrava e regrava e a gente não enjoa. Eu praticamente só escuto música brasileira porque amo. Mas não gosto de bossa nova. O Chico Buarque disse: "Caymmi é Caymmi". Da mesma forma, para mim, falando como público, apenas, isto é, como leiga em música, "Tom Jobim é Tom Jobim". Eu o separo da bossa nova (como: João Gilberto, Marcos Vale, Quarteto em Cy etc.). Por outro lado, junto o maestro com Nara Leão e Vinícius de Moraes. Isso é o que soa bem aos meus ouvidos, pessoalmente.

Para utilizar um termo da época, a "patota" do Tom Jobim - Danilo Caymmi, os Morelenbaum, Chico Buarque - são muito bacanas! Eles têm uma sintonia até de pensamento, parece. Certamente, para a composição de uma banda, é preciso afinidade.



Postado por Juliana.

domingo, 16 de março de 2008

Cesária Évora e Marisa Monte


Adoro esse dueto da canção Mar Azul. Cesária Évora é cabo-verdiana. Cabo Verde é um arquipélago africano. A população fala português e crioulo caboverdiano.

Mar Azul
Composição: B. Leza

O... Mar, detá quitinho bô dixam bai
Bô dixam bai spiá nha terra
Bô dixam bai salvá nha Mâe... Oh Mar
Mar azul, subi mansinho
Lua cheia lumiam caminho
Pam ba nha terra di meu
São Vicente pequinino, pam bà braçá nha cretcheu...
Oh... Mar, anô passá tempo corrê
Sol raiá, lua sai
A mi ausente na terra longe... O Mar




Postado por Juliana.

terça-feira, 11 de março de 2008

Já era noite e o sono começou a chegar
Primeiro devagarinho, depois tomou conta de tudo
O suco de maracujá e o dia agitado contribuíram para esse sono pesado
De repente, não lembro de mais nada
Notícias das coisas do mundo só no dia seguinte
Até os sonhos pareciam estar distantes
Tudo estava longe
Por um instante me senti como um objeto inanimado
Sem conexão com as pessoas ao redor
Sem pensar em nada, pelo menos não me lembro de nada
Até que me desperto com a claridade do dia
Espontaneamente, sem despertador
Voltei ao mundo, parece que renasci
Retornei às sensações conhecidas, aparentemente claras
Mas hoje à noite retorno àquele mundo diferente do adormecer
Muitas sensações poderão ser vividas e sentidas em nossos sonhos
Às vezes sonhamos com acontecimentos desejados ou que nos causam preocupações
Outras vezes, parece que nem sonhamos, mas sim, damos um intervalo de nós mesmos e voltamos só depois...

Publicado por Patrícia

Você surgiu do nada, sem avisar passou ocupar as nossas mentes. Pensamos em você a todo o momento. De repente, você surgiu. Foi correndo comprar seu refrigerante, e a partir de então nossas vidas se interligaram. Com apenas cinco anos, você já enfrentou uma batalha de vida ou morte. Agora você deve enfrentar outro desafio, o de andar. Imploramos que toda sua energia, seu corpinho forte, sua alegria te dêem força. Que você volte a brincar e sorrir. Força Reginaldo. Se pudesse te passar o que te desejo, te passaria força nessa perninha e carinho no seu pulmão para que possa cicatrizar tudo e você possa correr para comprar seu refrigerante e seu pirulito

Postado por Patrícia

sexta-feira, 7 de março de 2008

Filme sobre a nossa língua



Filmes sobre a língua portuguesa nos fazem ficar mais apaixonados por ela. Mostram seu território, sua musicalidade, mostram como são as pessoas que formam seu grupo de falantes, nos instigam a outras descobertas sobre algo com que temos contato desde que nascemos. E há sempre mais a conhecer.
Wim Wenders fez um filme assim: O céu de Lisboa, em 1995. Se você aluga em DVD, dá vontade de ver os extras.
Como eu também sonho em português, vou ver se Língua-vidas em português já chegou na minha vizinha Cinecittà.
Postado por Juliana.

quarta-feira, 5 de março de 2008

A prova


Numa daquelas casas ali morava Analu. Menina de família bem de vida, menina educada, pura ingenuidade, mas tão indefesa, tão indefesa... tal qual o coleirinho criado cativo. Analu não tinha o que pudesse desencadear em seu organismo o estímulo para o envio de uma mensagem ao cérebro, que fizesse com que uma frase de reação fosse formulada e as palavras desta frase se tornassem som, produzido pela vibração de suas cordas vocais, junto ao movimento de língua, lábios e dentes. Ela não se defendia. Não se revoltava, não se abalava diante das chacotas que lhe eram oferecidas gratuitamente todas as vezes em que contava seus casos. Muitas vezes as gozações eram feitas às suas costas- dentro das casas ou nas rodas de estudo, quando de uma dispersão dos estudantes -é verdade. De qualquer forma, Analu era alheia e não se importava que acreditassem ou desacreditassem em seus casos. Não houve vez em que demonstrasse desejo de provar que o que estava contando era verídico. Até que um dia, o... bem, primeiro vou contar umas duas estórias dessa menina que você vai achar até que ela devia estar no hospício.
Disse ela que uns turistas de uma praia muito exótica no oceano Pacífico estavam bem contentes e folgados em suas luas-de-mel, férias e recessos, quando uma onda gigante de cinco metros subiu da arrebentação. As águas levaram pessoas, carros, casas, vacas, pianos, tudo o que estava no caminho entre o esticar da onda e o seu recolher. Não é demais? Cinco metros? Então. Pois contou, também, Analu, que uma criatura com uma cabeça, seis braços com trinta dedos e quatro olhos tocou a zabumba, o triângulo e a sanfona aos pés de sua janela e da catuabeira. Mais tarde, a criatura pegou ainda a rabeca e desandou a xaxar.
Pois um dia, foi aí, foi nesse dia que a Analu teve um estalo. As implicâncias entraram em seu ouvido externo, viajaram lá para dentro da caixola, um pouquinho delas foi para o fígado, outro pro coração, um tiquinho saiu pelo outro ouvido, danaram a fazer volta dentro da caixola, estimularam o cérebro, o qual ordenou que uma mensagem fosse dita pela voz de Analu aos descrentes.
― E-e-e-e-ita! Rapaz, e qual foi a mensagem?
A menina olhou sem expressão para quem lhe chacoteava pedindo provas do que ela dizia e afirmou:
Eu vi.


Conto dedicado ao Grupo pernambucano Comadre Fulozinha.

Postado por Juliana. Foto: Flickr

segunda-feira, 3 de março de 2008

Segunda

E não me esquecer, ao começar o trabalho, de me preparar para errar. Não esquecer que o erro muitas vezes se havia tornado o meu caminho. Todas as vezes em que não dava certo o que eu pensava ou sentia – é que se fazia enfim uma brecha, e, se antes eu tivesse tido coragem, já teria entrado por ela. Mas eu sempre tivera medo de delírio e erro. Meu erro, no entanto, devia ser o caminho de uma verdade: pois só quando erro é que saio do que conheço e do que entendo. Se a “verdade” fosse aquilo que posso entender – terminaria sendo apenas uma verdade pequena, do meu tamanho.

In: A paixão segundo G.H., Clarice Lispector

Postado por Juliana.

sábado, 1 de março de 2008

Águas

Águas

Postado por Juliana.