terça-feira, 6 de novembro de 2007

Uma viagem ao tempo - PARTE II


Domingo andei por uma parte da cidade que ainda era nova para mim. Na região da estação do trem fica o Centro de Convenções e a Reitoria da UFOP. Dessa vez eu vi Ouro Preto com outros olhos, totalmente outros. Percebi melhor a beleza da cidade. Lá, tudo é desenhado. Não há um só cantinho onde não haja um capricho, um "rebusque"*, uma arte. As janelas e os lustres, então, são, para mim, marcas registradas. Ah, sim! Em Ouro Preto não há varanda, e sim, sacada. Reparei nisso, também. Minha sandália rasteira escorregava pelas pedras do calçamento, enquanto os carros gastavam seus freios ou engatavam a primeira marcha, escorregando, como eu, no pé-de-moleque.
Na tarde de domingo, parti para uma viagem à escrita, por meio de falas de autores como Ondjaki, Ricardo Lísias, Miguel Gullander, Marçal Aquino e Tony Bellotto. Os temas das mesas eram diferentes, mas todos eles disseram uma coisa: a ferramenta do escritor é a imaginação. O que move e inspira é a própria Literatura, são os livros que lemos e admiramos. Assim, aproveitamos a tradição literária e partimos para a originalidade (não como uma obsessão). A própria vida é original em si, cada pessoa é única e, então, não pode falar de assuntos sempre os mesmos, porque vivem o seu tempo. Daí, afirmar-se que não está tudo escrito, nem tudo feito.
Patrícia Reis – não a minha amiga Pat, que quer acabar com a língua portuguesa (veja o ótimo texto dela aqui no blog!) – escritora e jornalista portuguesa, comparou o livro a um bilhete de viagem. Miguel Gullander, sempre utilizando provérbios e metáforas, disse que a palavra seria uma ponte. Ela aponta para algum lugar e pode apontar para lugares diferentes, dependendo do leitor, permitindo que ele acerte em coisas que estão à distância.
Ricardo Lísias respondeu afirmativamente à pergunta: “Você é um autor engajado?”. Sua literatura é uma resistência à banalização, ao espetáculo, ao mau-gosto. A atenção aos temas políticos e ao contexto social no qual está inserido está presente em sua obra.
Com características singulares, cada um com sua voz, os autores escrevem, todos eles, sobre o amor, sobre a relação com o outro. No romance noir, há um certo estigma de literatura menor, em que há um assassino, um detetive e um morto. No entanto, sob a superfície do clichê existem personagens em conflito interior e interacional, motivados por fortes emoções ou torpores, gerados a partir de uma mente que inventa uma nova realidade, capaz de envolver inevitavelmente quem se dispõe a com ela pactuar.
O que é a escrita literária? Um jogo de sedução entre autor e leitor. Para Francisco José Viegas, a literatura policial é um gênero cujo objetivo é criar insones, contando algo que deixe alguém sem dormir.
E, afinal, o que são o amor e a sedução, senão emoção, jogo e olheiras?


*rebuscamento.
Postado por Juliana.

2 comentários:

Gabriela Galvão disse...

Trenzinho, música, mineirice...

Ai q vontade q dah!

Txt mt bem escrito, coloca num site d turismo e coloca o link deste!

Bz!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Gabriela Galvão disse...

Deu "erro" mas postou as duas vzs. Ai q linda a foto! Nossa, se recheou, hein?! Mt bem!