sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Dúvidas apócrifas de Marianne Moore

Sempre evitei falar de mim,
falar-me. Quis falar de coisas.
Mas na seleção dessas coisas
não haverá um falar de mim?

Não haverá nesse pudor
de falar-me uma confissão,
uma indireta confissão,
pelo avesso, e sempre impudor?

A coisa de que se falar
Até onde está pura ou impura?
Ou sempre se impõe, mesmo
Impuramente, a quem dela quer falar?

Como saber, se há tanta coisa
de que falar ou não falar?
E se o evitá-la, o não falar,
é forma de falar da coisa?

João Cabral de Melo Neto

Postado por Juliana.

Um comentário:

Anônimo disse...

Du,

lindo, isso. parece uma parte do "A paixão segundo G.H.". Acabei d ler agora.

A Clarice eh doida! hahah

Mt bom, mt bom, mt bom!!!!!!!!

Bz!