Ano-novo
Meia-noite. Fim
de um ano, início de outro. Olho o céu:
nenhum indício
Olho o céu:
o abismo vence o olhar. O mesmo espantoso silêncio
da Via Láctea feito um ectoplasma
sobre a minha cabeça
nada ali indica que um ano novo começa.
E não começa
nem no céu nem no chão do planeta:
começa no coração
Começa como a esperança de vida melhor
que entre os astros não se escuta
nem se vê
nem pode haver:
que isso é coisa de homem
esse bicho estelar
que sonha
(e luta)
Ferreira Gullar
Postado por Patrícia
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