segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Ano Novo

Ano-novo
Meia-noite. Fim
de um ano, início de outro. Olho o céu:
nenhum indício

Olho o céu:
o abismo vence o olhar. O mesmo espantoso silêncio
da Via Láctea feito um ectoplasma
sobre a minha cabeça
nada ali indica que um ano novo começa.

E não começa
nem no céu nem no chão do planeta:
começa no coração

Começa como a esperança de vida melhor
que entre os astros não se escuta
nem se vê
nem pode haver:
que isso é coisa de homem
esse bicho estelar
que sonha
(e luta)

Ferreira Gullar

Postado por Patrícia

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