segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Humanidade diversa


Humanidade diversa

O planeta Terra, mundo da espécie humana, possui espaços geográficos gelados, quase desabitados; tropicais, ricos em biodiversidade; espaços hoje em desenvolvimento, do ponto de vista econômico, outros bastante avançados, em que o risco social inexiste e tantos espaços ainda passando por sérias dificuldades geradas ao longo da História.

O poder, ou melhor, o fascínio, o desejo pelo poder, frequentemente tomou parte na desconstrução da identidade cultural dos povos. Nações com maior estrutura bélica (capacidade técnica) tomavam para si o direito de subjugar e ditar seus costumes, sua religião, sua organização política, seus valores e sua língua.

A língua é um sistema de códigos que funciona segundo uma estrutura determinada. Mas não é apenas isso. A língua é um organismo vivo, em estado permanente de mudanças, extremamente flexível e suscetível a influências externas, às quais se adapta facilmente. A comunidade de falantes, ao mesmo tempo em que mantém os traços originais de sua língua materna, decide se as mudanças serão ou não incorporadas. Isso ocorre de acordo com diversos fatores, levados em conta pela comunidade no momento de aceitar a mudança.

Mesmo os estrangeirismos, aqueles termos “importados” de outras línguas e incorporados quando não existe a palavra em língua vernácula – bem, às vezes, são utilizados desnecessariamente, fugindo a esse propósito! – sofrem adaptação de modo a tornarem-se mais eufônicos, com maior harmonia sonora.

No Brasil, houve uma enorme imigração desde a chegada portuguesa. O país recebeu pessoas de todo o mundo: espanhóis, italianos, alemães, árabes, africanos, japoneses etc. A biodiversidade foi “povoada” pela diversidade sócio-cultural. Cada povo trazia sua identidade: a sua língua.

Cada região brasileira possui seus costumes peculiares, mesmo que não sejam tão conhecidos quanto os da Bahia, por exemplo. Dentro de um mesmo estado, podemos encontrar vários dialetos, como é o caso de Minas Gerais. Na divisa entre os estados, a transição é muito interessante e o sotaque identifica a origem do indivíduo enquanto sugere o contato com a vizinhança.

O movimento dos brasileiros pelos estados, em busca de oportunidades de trabalho, como conseqüência deste, atrás de tranqüilidade ou por inúmeras razões, faz com que as tradições locais sejam partilhadas.

Não há nenhum desejo de poder que possa fazer com que a diversidade encontrada na variante brasileira da língua portuguesa seja aniquilada. Há tentativas. Já no ano de 2009, é algo entristecedor a forma com que empresas poderosas como emissoras de tv produzem a padronização da língua falada, mostrando desrespeito à bagagem cultural de seus recursos humanos e de seus clientes ou seu imenso público que lhe dá audiência, pessoas, muitas vezes, despreparadas para receberem um “choque de gestão”, o que provoca insegurança no falante nativo no momento de se expressar em sua própria língua.

A Lingüística é um campo de estudos das ciências humanas que envolve o conhecimento da origem das línguas (Lingüística Histórica), da linguagem e de suas relações com a Sociologia, Antropologia; o mundo das representações, da Semiótica (Sociolingüística) e os aspectos estruturais particulares (Lingüística dura ou hard). A Linguística se preocupa com o diverso, com a língua em uso, viva, utilizada pelo ser humano e, desta forma, em constante movimento. Não comporta regras e é livre de preconceitos.

A partir de amanhã, dia da posse de Barack Obama, eu desejo, fortemente, que o poder seja utilizado para restabelecer nos povos a auto-estima retirada durante tantos anos de “americanização” do mundo, em que as comidas típicas, as roupas, as festas, a música, o cinema, enfim, foram tomados, pelo mundo afora, cedendo lugar à comida, à roupa, à cultura provenientes de uma única nação.

Eu espero ver uma pessoa da Colômbia respeitando e sendo respeitada na Sibéria;da mesma forma, uma do Ceará e outra de Porto Alegre, mas jamais moldando seu modo de falar motivada por imposições de onde quer que seja. Porque não existe quem “fala errado”, uma vez que todos conhecem e sabem a sua língua-mãe.

A linguagem escrita segue, sim, certas normas, mas ao utilizá-la, dispomos de maiores condições para o registro (como: pessoas por perto a quem recorrer, manuais de gramática normativa, internet, dicionários impressos ou eletrônicos, obras de autores consagrados) e, durante o ato de redigir, como dispomos de mais tempo para estabelecer a comunicação, podemos alterar o texto sempre que convier.

A linguagem falada é uma experiência única, não há como voltar no tempo e desfazê-la e isso até seria uma tolice, afinal, é deliciosa a naturalidade, a originalidade e a riqueza encontradas na fala, tão cheia de misturas, de lugares, de ligações interpessoais, aliados ao “tom” de cada um, à personalidade de cada pessoa.

Que essa mudança venha, a da alegria a que todos têm direito, de expressar suas idéias em seu próprio dialeto e cumprir seu objetivo: o de contribuir.

Postado por Juliana.

2 comentários:

Gabriela Galvão disse...

Nossa, jah hah mt estrago feito e eu acho q eh depositar responsa demais nele, reverter o q jah se fez.

Acho soh que talveeez... Ele ñ continue na msma toada.

Bisous

escrita disse...

Ele, sozinho, não resolverá tudo, todas as demandas do mundo. Mas, na minha opinião, ele tem poder de influenciar positivamente as pessoas no mundo todo, principalmente se a popularidade continuar como está agora, no início. Já se fala sobre o incentivo à diversidade cultural feito por Michele Obama ao usar roupas de estilista cubano.